A pergunta mais pedida (e com algum espanto) quando eu dizia que passaríamos o Natal na Letônia: “Sério, Letônia?! Vai fazer o que lá”? – Para quem não sabe, a Letônia forma parte do trio dos países bálticos, junto à Estônia e Lituânia. Não é raro encontrar roteiros montados em que o objetivo é passar pelos três países em uma batida só, já que a distância total é relativamente pequena. São aproximadamente 600km de Talín a Vilnius, capitais da Estônia e Lituânia, respectivamente, passando também por Riga.
Voltando à Letônia. O país, além de outras façanhas, possui uma carga histórica bastante rica. Porém, no entanto, todavia, o motivo que de fato nos engajou nessa viagem foi por ter sido ali registrada a primeira árvore de natal pública da história.
Para quem não sabe, eu amo a vibe do Natal. Amo as luzes, as decorações, o vinho quente dos mercados de natal, as musiquinhas pegajosas, enfim… tudo. Por isso, sabendo que a tal primeira árvore de natal teria seu espaço reservado em uma das praças de Riga, foi para lá que partimos.
Um pouco de contexto histórico:
Já ouviu falar da “Baltic Way” – Caminho do Báltico? Os países Bálticos, por 50 anos, foram alvos de ocupação tanto nazista quanto soviética. Letônia, Lituânia e Estonia sofreram muito com essas ocupações, inclusive durante a Segunda Guerra Mundial. Por fim, após anos de manifestações populares, em 1989, dois milhões de habitantes, dos três países ,se uniram em um cordão humano. Um protesto pacífico e gigante contra a ocupação da União Soviética da época. Este cordão atravessou os 3 países, passando por suas capitais (os aproximadamente 600km). O Baltic Way finalmente chamou a atenção do mundo para a situação desses países. Após algum tempo, com a pressão do resto do mundo, o trio começou então a recuperar suas independências como Estado.
O Natal é a época em que você verá os mercados de natal fofíneos, nós fomos a dois – Mas devo admitir que esperava mais. Minhas expectativas com mercados de natal e decorações são sempre muito altas. É o tipo de opinião bastante tendenciosa, não a considere minha como verdade absoluta. – O mais bonito fica em frente à catedral, o Doma laukums, com direito a comidas, vinho quente e papai noel ao estilo . O outro mercado é o Esplenāde Park. Este é um pouco mais distante do centro histórico e o atrativo principal é uma vila de coelhos.
Em relação à hospedagem, mesmo nesta época do ano, os preços são bem atrativos se comparados a cidades como Barcelona ou Paris. O centro histórico de Riga é pequeno. Se você se hospedar nesta área, provavelmente fará todos os passeios a pé. Muitos lugares são curiosos, mas você vai passar pelo lugar, entender um pouco e seguir caminho. Por isso, Riga parece ser uma boa cidade para uma viagem de descanso e de baixo custo (claro, descansar é relativo).
Highlights: coisas para ver e fazer
- Os mercados de natal – só abrem no fim do ano ❤️❤️
- Mercado central de Riga – Foi inaugurado em 1930 e é patrimônio da UNESCO. Além de comercializar os produtos de sempre de qualquer mercado central, um dos pavilhões conta com vários restaurantes e bares. A vibe do maior mercado/bazar da Europa é uma delícia. Um lugar perfeito para tomar aquela cervejinha e relaxar. No Natal, do lado de fora do mercado, você verá um mercado de pinheiros de Natal – lindo.
- Three Brothers – É um complexo de três edifícios que faz parte da história da arquitetura de Riga. O prédio mais antigo foi construído em 1490, o próximo em 1646 e o ultimo durante a segunda metade do século 17. Apesar do nome, não tem nada a ver com irmãos.
- The Swedish Gate – Um dos portões de entrada da cidade. Este foi construído em 1698 após a guerra polaco-sueca.
- The Cat House – É um edifício que ficou bastante famoso pela escultura do gato se equilibrando no topo da torre.
- Powder Tower – Torre que fazia parte do sistema defensivo de Riga
- Freedom Monument – É um memorial muito bonito em homenagem aos letões que morreram na Guerra da Independência da Letônia. É um lembrete da importância da liberdade. O curioso deste monumento é que a União Soviética reinterpretou o memorial defendendo que as três estrelas ao topo, fazem referência aos três países bálticos, sustentados pela “Mãe Rússia”. Um sinal de gratidão aos soviéticos pela atuação da Segunda Guerra Mundial. (pura balela)
- Bastejkalna park – Fica ao lado do Freedom Monument. É um parque gostoso para dar uma caminhada, passar um tempo e seguir o passeio.
- Riga Nativity of Christ Cathedral – É a catedral ortodoxa de Riga.A visita é gratuita e bastante interessante. Importante: Não é permitido tirar fotos do interior da catedral.
- Museum of the Occupation of Latvia – Se você achou interessante a história do Baltic Way, este museu é para você. Aqui, de forma bastante interativa, eles explicam como aconteceram as ocupações, tanto nazista quanto soviética.
A lista de lugares para visitar não pára por aqui. Ainda tem o museu da KGB, o Gueto e o Museu do Holocausto, a Pētera baznīca (Igreja de São Pedro).
Comes e bebes
O centro histórico de Riga é bastante vivo, cheio de restaurantes e bares que aquecem as noites frias de inverno. Escrevendo este post, me dei conta do quando aproveitamos essa viagem para bater perna sem pressa, explorar sem checklist e relaxar nos bares locais.
Dica: Não deixe de experimentar a bebida típica local, o Black Balsam.
- Restaurante Rozengrals – Quer se transportar para os tempos medievais? Este restaurante, do ano de 1293, é o lugar. Por fora, uma portinha de madeira, quase que passar batido. Quando você entra e desce as escadas é para uma taverna da Idade Média que você é levado, com direito o stuff caracterizado e tudo. A comida é boa e o preço ok.
- Restaurante Tokio–City – Boa opção para fazer uma refeição a um preço bem em conta. O cardápio possui uma variedade pratos e as porções são razoavelmente pequena. Assim você pode pedir 2 pratos (pelo menos) sem sofrer no bolso.
- Skyline bar – É um bar que fica no Radisson Blu Hotel. Para quem curte uma vista panorâmica é uma maravilha para tomar uns drinks no fim do dia. Em um dos lados do bar a vista é da Riga Nativity of Christ Cathedral.
- Cervejaria Labietis – artesanal é a sua vibe? Essa cervejaria é muito boa, um pouco distante do centro e o espaço interno não é dos maiores, apesar de super interessante.
- Easy wine – Mesmo que você não conheça muito sobre vinhos, mas tem interesse em experimentar, este lugar é ideal. Eles trabalham com aquelas “torneiras” automáticas, em que a pessoa passa o cartão e se serve sem a necessidade de alguém para atender. São 60 garrafas disponíveis de vinhos de vários lugares do mundo. Para quem prefere cerveja, a Easy beer fica praticamente ao lado.
- Folkklubs ALA pagrabs – é um bar/restaurante bastante tradicional e um point entre os locais.
Fique agora com esta mistura de Brasil com Letônia. Dê o play!
Viva à Arte! Viva à Cultura!!!!