Em 2010, a erupção de um vulcão de nome bem difícil, o Eyjafjallajökull, foi responsável por fechar o espaço aéreo europeu. Os olhos do mundo estavam voltados para um país que mais parece ser um outro mundo de tão extraordinárias que são suas paisagens, a Islândia. 

Em março deste ano decidimos explorar a terra dos trolls e dos elfos. Fizemos uma road trip pelas regiões sudoeste e sul e neste post vamos contar qual foi o roteiro.

Primeira Aurora Boreal da vida

Alguns fatos

  • A água na Islândia é super pura. Os próprios moradores te encorajam a não comprar água. já que você pode conseguir água pura em qualquer torneira.
  • As estradas são um show a parte. A cada 10km dá vontade de parar o carro só para ficar admirando as paisagens únicas. E os islandeses sabem disso! Por isso, existem muitas, mas muitas áreas de descanso distribuídas ao longo das estradas. Ou seja, não pare o carro em qualquer lugar ou de qualquer jeito, ande um pouco mais e encontre uma área própria para isso.
  • A Islândia é conhecida por ser o melhor lugar para ser mulher. Título este fruto de uma forte luta feminina e às leis criadas para assegurar os direitos de igualdade de gênero não só no trabalho como em casa.
  • Só em 2018, a Islândia recebeu de visitantes cerca de 10x a sua população. O turismo vem crescendo mais e mais a cada ano mais. Por um lado, é uma atividade que ajuda a aquecer a economia, que passou por dificuldades em 2008. Mas na outra ponta está o impacto negativo do turismo massivo, muito relacionado ao comportamento desrespeitoso de parte dos turistas. Um exemplo: as sinalizações que que é proibido ultrapassar determinada área, ignorando inclusive a própria segurança. Além de outros aspectos comum a praticamente todos os lugares turístico: pessoas vivem ali, então o barulho exagerado, as longas filas em lojas, etc… incomodam. Com um pouco mais de respeito podemos manter a “saúde” deste lugar incrível por muitos e muitos séculos.
islandia destino algum

Camping todo nevado

Nosso maior desafio de fazer uma roadtrip no inverno foi a possibilidade de mudanças metereológicas repentinas. Por isso, o planejamento foi tão necessário desta vez. (Eu falo mais sobre nosso planejamento para dirigir no inverno islandês neste outro post)

Sabendo disso,  por que conhecer a Islândia no inverno?

  • O inverno é baixa temporada. Isso significa melhores preços e menos turistas
  • Probabilidade de ver a Aurora Boreal.
  • As cavernas de gelo.
  • Neve

Informações práticas

Temperaturas – na capital, Reykjavík, a média no inverno fica entre 1-2°C
Moeda – é a Coroa Islandesa (ISK)
               – 1 US$ -> 125,00 ISK
               – 1 R$ -> 32,50 ISK
Roupas – É importante usar a estratégia das camadas.
              camada 1 – a famosa segunda pele, de preferência com alguma tecnologia térmica
              camada 2 – um fleece, uma roupa de lã, roupa que aqueça
              camada 3 – camada impermeável e que bloqueie pelo menos um pouco o vento.
               Mais
 que isso, luvas, gorro e meias de lã.

Mas vamos ao prático! Depois que você começa a pesquisar sobre o país, é impossível não se apaixonar e perceber que tem muito mais lugares para conhecer seus dias de férias permitem, mas é a vida. Priorizar é preciso. Por isso focamos nosso roteiro, nas regiões sudoeste e sul, um dos motivos foi a segurança. Digamos as mudanças são mais previsíveis por ali, além de ser possível fazer praticamente todo o trecho pela estrada principal 1.

Na sequência você vai encontrar a rota que fizemos durante os 5 dias de roadtrip e algumas informações sobre estes pontos.

Seljalandsfoss

Dia 1 

Chegada: a primeira coisa que fizemos foi pegar nossa camper. Como decidimos que faríamos o mergulho em Silfra já no começo da viagem, preferimos terminar o dia já próximo ao Parque Nacional Thingvellir, assim acordaríamos e seguríamos para o ponto de encontro da agência sem atrasos ou imprevistos.

Da locadora, seguimos para a Blue Lagoon, por isso nosso primeiro dia foi o mais relaxante, decidimos passar para conhecer essa belezinha antes de seguir para o parque.

Blue Lagoon – Pelo site, você pode reservar com antecedência um horário para mergulhar. São vários preços e você escolhe o que mais se ajusta a você. O valor (para mim) é bem salgadinho. Nós pagamos mais ou menos R$ 350,00 cada um na opção “Confort” , que é o mais básico – além da entrada, você tem direito à máscara fácil, um drink e toalha.

Além de mergulhar, você também pode percorrer um caminho para ver a Blue Lagoon do lado de fora, isso sim é grátis. De lá seguimos para o Parque Nacional Thingvellir.

Camping (2 pessoas/noite) = aprox. R$ 90,00

Dia 2 

Parque Nacional Thingvellir e Silfra – Comecemos por Silfra, que é uma fenda entre as placas tectônicas da América do Norte e Euroásia, gerada por um terremoto em 1789. Não só isso, essa fenda é alimentada pela água do gelo derretido do glaciar Langjökull. Bem superficialmente, além de você mergulhar entre duas placas tectônicas, você estará submerso em águas mega transparentes (mais de 100m de visibilidade) e super geladas, entre 2 e 4 graus.

Silfra é incrível e merece um post exclusivo. 

Por ora, se você é um mergulhador certificado e habilitado para mergulhar com traje seco, o mergulho custará mais ou menos R$ 900,00. Outra opção é fazer snorkeling, que custa em torno dos R$ 460,00. Nós fizemos o mergulho com a Dive.is e recomendo. 

Mergulho em Silfra

Feito o mergulho, fomos desbravar o parque que é um dos lugares mais emblemáticos da Islândia. Era alí, que por anos, se reunía o Parlamento Islandês. O lugar é impressionante pela grandiosidade. Taxa de entrada: R$ 16,00.

Gullfoss (free) – (Golden Falls) é uma queda d’água de 32m de altura e impressiona pela força da água. Tem uma história interessante, no século 19 essa queda quase virou uma hidrelétrica, mas depois de muita luta de Sigríður Tómasdóttir isso não aconteceu, permitindo que esse lugar seja visitado e contemplado hoje em dia.

Gullfoss

Cratera Kerid – Esta cratera vulcânica de 55m de profundidade tem mais ou menos três mil anos. Taxa de entrada:  R$ 13,00

Selfoss e a primeira Aurora Boreal da vida –  a previsão dizia que era um dos melhores dias para ver a Aurora Boreal, mas em Selfoss não seria lá grande coisa. Eis que da cozinha do nosso camping vimos que algo acontecia no céu. 

Camping (2 pessoas/noite) = aprox. R$ 120,00

Dia 3 

Um dos dias mais pesados.

Seljalandsfoss (taxa estacionamento  ~R$ 22,00) – Que lugar! Você pode andar por dentro da cachoeira, pode ver ela do alto e pode ficar bobo. É um lugar incrível e passamos horas por lá. 

Vulcão Eyjafjallajökull (free) – Da estrada você pode estacionar no antigo centro de informações que dá de cara para o vulcão para olhá-lo. Se você espera algo muito grandioso, pode ficar desapontado. Mas é uma parada interessante.

Seljavallalaug (piscina de água termal) (free) – Um pouco mais para adiante do vulcão, depois de uma  boa caminhadinha, está esta piscina construída pelo homem. A água é aquecida sim, mas digamos que é só morninha. Nós não mergulhamos, mas tinha muita gente dentro da água. Leve sua roupa de banho, quem sabe?!

Seljavallalaug

DC3 Plane Wreck (free) – Esse famoso spot da Islândia é um avião da Marinha Americana que caiu em 1973, na praia de areia preta de Sólheimasandur. Existem algumas teorias sobre os motivos do acidente, mas ninguém sabe ao certo. Para chegar lá, você deixa o carro no estacionamento que dá acesso à estradinha de pedra que leva ao avião. E então você tem duas opções: percorrer os aproximadamente 4km a pé ou pagar um ônibus que deixa você à poucos metros do avião. 

A estrada

Não se engane! Não é só os 4km, é o vento – muito vento -, é a possibilidade de chuva e a estrada de pedras. Nós levamos por volta de 1h para chegar lá. Não é impossível, mas é cansativo. E se estiver perto do horário de escurecer, leve uma lanterna para encontrar a estrada de volta. É muito útil. O pôr do sol visto do avião ou da praia a poucos metros, é muito recompensador.

Vik –  um descanso merecido numa cidade que merece mais que apenas um dia.

Vik

Ficamos em um hotel.

Dia 4 

Vik –  As condições meteorológicas podem mudar drasticamente em questão poucos quilômetros, Vik foi nosso grande exemplo disso. Chegamos e saímos da cidade debaixo de muita chuva, muita! Mesmo assim, não deixamos de aproveitar para visitar alguns lugares como a igreja, que é uma das marcas registradas das fotos de Vik. Fomos também à praia para ver que tem um visual incrível, o dia cinzento em contraste com a areia preta, própria da região, é algo fora do normal. Dessa praia é você verá as rochas Reynisdrangar, os trolls Skessudrangar, Landdrangar e Langhamrar transformados em pedra.

Em Vik, conhecemos a cervejaria Smiðjan Brugghús. A comida é boa, a cerveja também e o lugar é super agradável. 

Vik na chuva

Jökulsárlón Glacier Lagoon (free) – Esse lugar é uma loucura. É uma grande lagoa que tem recebe blocos de gelo provenientes do glaciar Vatnajökull, a maior massa de gelo da Islândia, com seus 8.100 km² de área, e ainda tem uma conexão com o oceano.

 Você só precisa estacionar o carro e pode caminhar e seguir em direção à lagoa. Os blocos de gelo gigantes são impressionantes e o show das foquinhas mergulhando para lá e para cá é demais. Como facilidades, na área do estacionamento você encontra um café, banheiros e também alguns food trucks.

My precious – Jökulsárlón Glacier Lagoon

Diamond Beach (free) –  a poucos metros dali, você chegará na praia dos diamantes. Esses blocos de gelo da lagoa acabam chegando ao mar através do canal que faz a conexão entre os dois, por sua vez as ondas transportam esses blocos para a praia. Em contraste com a cor da areia, a impressão é que você está caminhando por grandes pedaços de diamantes de verdade. É um dos lugares mais bonitos que já vi.

Atenção! Não suba nos blocos de gelo, principalmente se estiverem ao alcance das ondas. Vamos evitar acidentes.

Skaftafell (taxa de camping/estacionamento) – É uma reserva natural que faz parte do Parque Nacional Vatnajökull. Decidimos dormir neste lá, pois no outro dia cedo faríamos um passeio para conhecer uma das cavernas de gelo.

Além de ter uma ótima estrutura de camping o parque é muito bonito e conta com diversas trilhas. Inclusive, é possível ver o glacial sem precisar caminhar muito ou contratar uma agência.

Neve!

Neste dia, contrariando todas as previsões e expectativas, nevou! Nevou durante quase a noite toda e parte da manhã do dia seguinte. Foi uma surpresa maravilhosa acordar e ver o parque todo coberto de neve.

Camping (2 pessoas/noite) = aprox. R$ 130,00

Dia 5

Hiking sobre o glaciar e Ice Cave (aprox R$ 500,00 por pessoa) – Nem preciso dizer que para este passeio é essencial o uso de equipamentos específicos. Contratar uma agência que ofereça estes tours, com um guia qualificado e todos os equipamentos de segurança é primordial para a sua segurança.  A caminhada é tranquila e são feitas várias pausas durante o trajeto até chegar à tão esperada caverna de gelo.

As Ice Caves só são possíveis de conhecer durante o inverno. Basicamente, essas formações são consequência de um processo natural de derretimento do gelo que se intensificam durante o verão. Particularmente, a caverna é coisa de louco de tão impressionante que a natureza é, mas a caminhada sobre o glaciar foi o que mais me marcou. A paisagem é de deixar qualquer um besta.

Ice cave

Nós fizemos este passeio com a Troll Expeditions, o tour dura  4h e se você precisar de uma bota mais apropriada, eles alugam no ponto de encontro mesmo.

Seljalandsfoss – Outra vez! Depois da tour incrível em Skaftafell, decidimos pegar a estrada e voltar para acampar no Hamragarðar Campground, praticamente dentro da cachoeira. 

Mais uma vez, nunca se sabe quando uma chuva vai aparecer ou ventos fortes vão atrapalhar os planos, então é melhor garantir e colocar sempre a segurança em primeiro lugar, por isso decidimos nos aproximar o máximo possível da localização da locadora, pois devolveríamos a camper no outro dia.

Aurora Boreal pela segunda vez

Neste dia a probabilidade de ver a Aurora Boreal era bastante animadora. Como este camping fica relativamente longe da cidade foi mais uma decisão acertada que tomamos. Nesta noite pudemos ver mais uma vez as o show dessas luzes vibrantes. Lembrando que, o olho humano não vê as luzes com a mesma intensidade que as câmeras captam. Você não vê aquela cor vibrante igual das fotos, mas sim, você verá o movimento dela no céu.

Camping (2 pessoas/noite) = aprox. R$ 95,00

Dia 6 

Fim de roadtrip! Devolvemos nossa “casa” na Happy Campers e seguimos para Reykjavik. Mas este é assunto para um outro post só sobre a capital, mais detalhes sobre como exploramos a cidade.

Os três trolls de Vik