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As sensações de um expatriado. Desapego? Será?

Ir embora, sair do país para se aventurar em outra nação. Viver um sonho, fazer parte e não fazer parte (tanto do seu país quanto da casa nova). Por fim, se tornar um expat. O primeiro desafio é tomar a grande decisão, logo depois vem o processo do “como?” e depois que tudo deu certo, aí sim vem a prova de fogo. Além da adaptação, vem as zilhões de perguntas sobre o porquê você decidiu ir embora, se não sente saudade, do que sente saudade…etc..etc… e logo aquela afirmação: “Mas ainda bem que você é desapegada”. Pois é, vou tentar explicar o “ser expatriado” pelo meu olhar, que pode ser uma sensação compartilhada, ou não… tudo bem, é só uma reflexão.

Liberdade

O desapego

Já ouvi muitas coisas sobre as minhas decisões. Quase sempre é sobre os quão desapegada sou. Claro, por isso consigo viver longe. Pois é… não é bem assim, mas depende do que significa para você o desapego. Para mim é não se importar menos ou não sentir falta. Por isso, no meu sentir, desapego não é o que tenho.

Sinto falta (e muita) da minha família e amigos, mas com o tempo fui aprendendo a lidar com a distância. Acho que já estou na quinta despedida, na verdade, nem lembro muito bem de quantas vezes parti. Um dia foi para estudar, outro para trabalhar, outro para explorar…enfim, parti! Sempre senti falta do agito da casa da minha mãe, da comida, das conversas sem sentido com meus amigos… logo, sentia falta também do primeiro sobrinho… agora é tudo isso e mais um sobrinho. É uma saudade deliciosa! Porque tento sempre enxergar o copo meio cheio, sabe?! Sinto falta do que é bom, do que me traz paz, dos momentos lindos das nossas vidas. Eu vivi isso!

Meu único medo nessa história toda era ser ausente. Neste ponto, agradeço imensamente à minha mãe e irmã, elas fizeram um trabalho lindo me tornaram presente na vida dos meus sobrinhos. Hoje, em dias ruins, basta uma ligação por vídeo (Obrigada, tecnologia!) para um conversa sem sentido com os dois pequenos, que meu dia fica mais colorido. Amigos? A distância filtra mais que afasta. Aquelas amizades gostosas vencem a barreira dos inúmeros quilômetros e com a ajuda da tecnologia, obrigada outra vez, você continua fazendo parte da vida deles e eles da sua.

Por isso reafirmo, isso não é desapego! Isso é lidar com as adversidades sem deixar tudo que você mais ama de lado.

Meu lugar em Barcelona

A adaptação

Ah, são tantos, mas tantos fatores. Da primeira vez que fui embora, não me adaptei ao inverno da Irlanda e não escondo isso de ninguém. Não me adaptei à rotina de só fazer um curso de inglês e não soube aproveitar meu tempo. Imaturidade? Provavelmente. Mas foi lá que fui mordida pelo bichinho do mundo.

5 anos depois, lá estávamos outra vez, empacotando tudo para mudar de novo. Dessa vez, me adaptar sem tanto sofrimento era um desafio pessoal. Desafio concluído com sucesso! Cheguei em Barcelona e andei pela cidade toda, me perdia, me achava, conversava com todos. Tentei não procurar diferenças para criticar e sim para aprender sobre a Espanha e a Catalunya, tentar me sentir parte. No entanto, eu sei… uma mudança dessas é sair da zona de conforto. Muitas vezes tem a ver até com as questões ligadas ao processo de imigração, mas é muito mais fácil quando a gente se abre para as mudanças e nos ajudamos nesse processo.

Dentro desse tema estão mil outras coisas. As comidinhas, os produtos que você costumava usar e muito mais. Outra vez, é importante estar aberto e vivenciar essa nova cultura.

A saudade do Brasil

Não, não sinto saudade do Brasil em si. Sinto sim, saudade de pessoas! Vivemos melhor aqui, tenho qualidade de vida e oportunidades profissionais que no nosso país amado eu não teria. Daqui posso ver com mais clareza os absurdos não só sobre corrupção e violência, mas sobre nossa consciência social, sobre a tolerância, sobre preconceito. Sinto saudades gigantes de pessoas que levo pra vida, mas do país em si, isso não.

Resumindo a experiência

A mais enriquecedora da minha vida, acredito que a pessoa que sai da zona de conforto e se joga em uma nova cultura, aberto e sem preconceitos, cresce como ser humano. Sim, muitas vezes você não se sente nem de lá nem de cá. Veja isso como algo bom, é um novo mundo se abrindo para você!

E você? O que pensa sobre isso tudo? Comenta aqui e conta pra gente 🙂